Seja otimista!

Como ser feliz mantendo o olhar frio e o sorriso escondido? Como ser feliz, e se revoltar e se queixar? É como sair às compras sem dinheiro ou ir pescar sem anzol. Reconheça ser preciso jogar para longe o que for tristeza, desamor, e o espírito de levar vantagem, e colocar no lugar deles o prazer de viver em paz. Para se ter a felicidade é importante deseja-la por inteiro, robusta e quente, sob forte esperança no amanhã, porque, se deseja-la fraca, ela por si mesma se inutiliza desde o principio. A mente não é feita somente para atrair dinheiro ou bens materiais. A mente também faz isso. Mas sua maior finalidade é a criação dos valores morais e da paz, de tal modo que chegam a se refletir na face e atrai simpatias e benefícios. Se você tem hábitos enraizados, se você tem comportamentos de longa data, pensamentos que se repetem e se sente insatisfeito(a)...disponha-se a mudar. Não fique repetindo o passado, parado no tempo, inerte. Faça alguma coisa, construa um mundo novo, limpo e arejado. Você tem capacidade para isso. Acredite em um futuro brilhante. Você pode ser feliz tanto quanto, ou o quanto mais quiser ser feliz. Faça um autoexame do que você é, do que você pensa, em como vem se tratando e em como trata as pessoas e o planeta. Medite sobre a sua realidade, sobre o que tem feito com seu tempo e de como tem se relacionado si mesmo(a) e com os outros. E a partir disto, vislumbre e desenhe um novo futuro. Se você der o máximo de si na edificação de um futuro melhor, com esperança, fé em si mesmo e fé em um Poder Superior já terá começado a mudar seu quadro atual e a começar a se sobrepor como criatura bem sucedida. Confia em seu deus interior. Jesus disse: “Vós sois deuses, e como deuses podem fazer o que eu faço e muito mais se tiverem, fé!” A melhor confiança, a melhor defesa é a fé em seu deus interior. Aceite as quedas e perdas da vida. Cair e perder faz parte de nossa caminhada. Mas quando cair ou perder levante-se e caminhe ainda que sentindo dores. Não existem méritos em ficar deitado para evitar-se cair. Mas levantar-se todas as vezes que se cai. Somente assim aprenderemos algo. Acredite também em seu pais. Grandes homens e mulheres sempre acreditaram em suas nações. Diante disto quando partiram para a pátria espiritual, deixaram com seus feitos e ideias o planeta um pouco melhor. Não se aceite atolado em falhas ou em “pecados". Deus que é fonte de tudo e de todos não enxerga nossos erros, mas a força que fazemos para conserta-los. Diante disto, acredite em Deus. Muitas doutrinas religiosas afirmam que o Pai Celestial, é o Deus do impossível. Diante disto quando cair ou desiludir-se com as pessoas, segure nas mãos Dele. Pois se Deus realiza coisas impossíveis, com certeza ele é capaz de fazer o impossível acontecer em sua vida. Acenda o fogo do otimismo. Explore o seu poder de luta e terá um grande futuro. Lembre-se: O fogo de um palito ou um incêndio em uma floresta começa sempre com uma pequena faísca.

Manoel João

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O QUE SIGNIFICA SER PLENO, E TER PLENITUDE?

























Estamos no universo para passar por  situações constantes, onde estamos ensinando e aprendendo, e chegarmos ao patamar de virtudes . O planeta é uma grande escola, viajando a milhares de quilômetros, onde não se tem férias, nem recreio, pois o aprendizado acontece em tempo integral.

Por ventura, as pessoas tem percebido que o tempo está passando cada vez mais rápido? Dias, meses, anos. Enfim mais um motivo para desfrutarmos o máximo de nosso tempo presente.


Nós gastamos muita energia física e mental, ocupando nossas mentes com acontecimentos passados e utopias futuras e acabamos rejeitando o nosso presente o qual o futuro será a consequência de nossas escolhas no aqui e agora, já que o futuro reside na esfera do empírico, fantasias e suposições, posto que ele ainda será escrito por nós mediante nossos atos, atitudes e pensamentos.

Pensar e agir no passado só nos traz angústia e sofrimento. Acabamos sempre julgando tudo e à todos pelo passado que já não existe mais, nos esquecendo que existe o agora, resultando o presente.

Se desprender do passado e não se arrepender de nada que tenhamos feito, pois o jeito somos hoje, é a soma de todas as nossas escolhas passadas. Nos cabe aceitar este fato, e seguirmos em frente. 
  
Acredito firmemente que a nossa vida é tocada de eternidade. Temos todos na nossa história pessoal aqueles momentos que resumem anos de procura e conhecimento. Em que podemos dizer que foi o dia em que nos tornamos uma outra pessoa, ou que mudou nossas vidas. Também os momentos que marcam definitivamente pela negativa, que impuseram rupturas e decisões dolorosas. Em tudo isto, há uma dimensão de qualquer coisa de definitivo que pode ser tão libertador, iluminador ou tão destruidor.

Por isso temos sempre atrás e à nossa frente um caminho complexo. Que procuramos que seja pleno, que aja plenitude em que tudo seja linear e óbvio.  E descobrimos que o que não abunda são as respostas fáceis.

Uma vida plena, não é uma vida cheia. Aliás as nossas agendas super preenchidas falam-nos mais de vento do que de mar. A plenitude está em pôr uma cor dentro dos nossos espaços vazios, ou cinzentos. Que ainda por cima são espaços que nem sabemos como os preencher. Talvez seja este o desafio e a surpresa: De deixar que sejam pintados por outro que sabe muito mais de nós e da nossa ida que nós próprios. E confiança assim gratuita não é fácil, porque teimamos sempre em ser donos de nós mesmos. Porem, isso é uma utopia. Se vivemos em família, em sociedade, como sermos donos de nós mesmos, já que sentimos e fazemos sentir nos outros os efeitos de nossos atos e pensamentos?

Se somos donos de nós, porque então nos melindramos, nos iramos, nos entristecemos quando algo ou alguém não faz o que queiramos que seja feito, e vice e versa? Confundimos independência com autonomia. Autonomia todos podem ter e isso é até relativamente fácil de se obter. Mas independência não. Todos nós dependemos de alguém. Dependemos de um homem e uma mulher para nascermos. Dependemos de um professor para aprendermos a ler e escrever. dependemos de uma faculdade para termos maiores conhecimentos e termos melhores chances. E veja bem: Até para escrever no facebook, dependemos de alguém que inventou o computador, o teclado, a telinha, e etc.

A plenitude da vida, cada 24 horas de um dia, deveria equivaler por uma vida inteira sendo plena.  É quando as pessoas mais sensíveis param e se permitem curtir o espetáculo do pôr do sol, percebendo, mesmo sem entender, que há algo muito maior e mais importante do que a busca frenética e mesquinha pelo dinheiro, pela fama e pelo poder, a qual está empenhado o mundo.

O mais importante, é perceber os valores pessoais, as experiências que se adquiriu ao longo da vida e elaborar um "plano de ação" . De qualquer forma, é necessário que haja incentivos e ações suficientemente poderosos para superar a auto crítica depreciativa e sobrepujar as forças retardadoras para o desfrute de uma maturidade e velhice feliz. A par dessas possibilidades, conseguir aceitar a si mesmo em suas condições já constitui, por si só, um feito extraordinário. O alívio gerado pela libertação dessas amarras, melhorará a qualidade dos relacionamentos com os outros e consigo mesmo, tornando-o mais forte emocionalmente. E quanto mais emocionalmente forte estivermos, menos nos  sentiremos ameaçado por s outras pessoas ou pelas circunstâncias. Daí para o "produzir" é um pulo, afastando o tédio, a tendência ao vício e a tristeza.

Quanto ao amor, mais vale um amigo por perto do que um parente longe. Aprenda a valorizar as pessoas que se importam com você e estão dedicando um partilhamento mesmo que momentâneos suas vidas, ao seu conforto e bem estar ao invés de gastar um tempo tão precioso com aquelas pessoas que não estão nem aí para você.

Em qualquer fase de uma vida plena,  a capacidade de se adaptar ao novo é essencial para gozar o prazer em viver, e ter plenitude na vida,  quer seja (re)aprendendo com o mais novo ou com o mais velho, quer seja ensinando ao mais novo ou ao mais velho. Assim, muitos são os motivos pelos quais é possível que a vida, seja um período prazeroso, produtivo e emocionante. Seja qual for sua idade, se você se julga velho ou novo, traga à memória somente aquilo que lhe pode dar esperança. A vida nesse planeta é tão curta que não vale a pena remoer nada, mas sim deixar o coração agir e pulsar no ritmo do amor universal, já que fazemos parte de um todo!

Curta intensamente cada momento do dia, pois afinal, como bem disse, aos 86 anos, o poeta e escritor alemão Goethe:

"Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira".


Manoel João


sexta-feira, 10 de abril de 2015

O MITO DE DEMETER E OS RITUAIS DE PASSAGEM

Perséfone, filha de Deméter, crescia tranqüila e feliz entre as ninfas e em companhia de Ártemis e Atená, quando um dia seu tio Hades, que a desejava, a raptou com o auxílio de Zeus seu pai. Perséfone colhia flores e Zeus, para atraí-la, colocou um lírio às bordas de um abismo. Ao aproximar-se da flor, a terra se abriu e Plutão apareceu e a conduziu para o mundo tectônico (inferno).










No momento em que estava sendo arrastada para o abismo, Perséfone da um grito agudo e Deméter corre, mas não conseguiu vê-la, e nem tampouco perceber o que havia acontecido. Simplesmente a filha desapareceu. Desde então começou para a Deméter a dolorosa tarefa de procurar a filha, levando-a a percorrer o mundo inteiro, com um archote aceso em cada uma das mãos. Durante nove dias e nove noites, sem comer, sem beber, sem se banhar, a deusa errou pelo mundo. No décimo dia encontrou Hecate (deusa da magia), que também ouvira o grito e viu que a jovem estava sendo arrastada para algum lugar. Mas não lhe foi possível reconhecer o raptor, cuja cabeça estava encoberta com as sombras da noite. Somente Apolo (deus do sol), que tudo vê, cientificou-a da verdade. Irritada e furiosa com Plutão e Zeus, decidiu não mais retornar ao Olimpo, mas permanecer na Terra, abdicando de suas funções divinas, até que lhe devolvessem a filha.

E então, sob o aspecto de uma velha, dirigiu-se aos Elêusis e primeiro sentou-se sobre uma pedra, que passou, desde então, a chamar-se "pedra sem alegria". Interrogada pelas filhas do rei local, Céleo, declarou chamar-se Doso e que escapara, das mãos de piratas que a levaram, à força, da ilha de Creta. Convidada para cuidar de Demofonte, filho recém nascido da rainha Metanira, a deusa aceita a incumbência. Ao penetrar no palácio, todavia, sentou-se num banco e, durante longo tempo, permaneceu em silêncio, com o rosto coberto por um véu, até que uma criada a fez rir, com suas piadas maliciosas e gestos obscenos. Deméter não aceitou o vinho que Metanira lhe ofereceu, mas pediu que lhe preparassem o cíceon, que significa "mistura, perturbação, agitação". Era uma bebida mágica. Encarregada de cuidar do caçula Demofonte, que significa, "o que brilha entre o povo", a deusa não lhe dava leite, mas sim, o ciceon, e após esfregá-lo com ambrosia, o escondia, durante a noite no fogo como se fosse um tição.

A cada dia o menino se tornava mais belo e parecido com um deus. Deméter realmente desejava torná-lo imortal e eternamente jovem. Uma noite, porém, Metanira descobriu o filho entre as chamas e começou a gritar desesperada. A deusa interrompeu o grande rito iniciático e exclamou cheia de fúria:
 
ʺHomens mortais, ignorantes, insensatos e estúpidos que não sabeis discernir o que há de bom ou de mal em vosso destino. Eis que tua loucura te levou a mais grave das faltas! Juro pela água implacável do Estige, pela qual juram também os deuses que eu teria feito de teu filho um ser eternamente jovem e isento da morte, outorgando-lhe um privilégio imorredouro. Mas, por causa da vossa estupidez, a partir de agora ele não poderá escapar do destino da morte e se apresentar ao reino das sombras na barca de Caronte pelas mãos de Thanatos (deus da morte). Surgindo na sua forma de deusa e em todo seu esplendor com uma luz ofuscante que saia do seu corpo, ordenou antes de deixar o palácio, que lhe erguessem um grande templo, e um altar onde ela, pessoalmente, ensinaria seus ritos aos seres humanos. Encarregou, em seguida. Triptóleno, irmão mais velho de Demofonte, de difundir pelo mundo inteiro a cultura do trigo.

Construído o santuário, Deméter recolheu-se ao seu interior, consumida pela saudade de Perséfone. Então, uma seca terrível provocada pela fúria de Deméter se abateu sobre a Terra. Em vão Zeus lhe mandou mensageiros, pedindo que regressasse ao Olimpo. A deusa respondeu com firmeza que não voltaria ao convívio dos imortais e nem tampouco permitiria que a vegetação crescesse, enquanto não lhe entregassem a filha. Como a ordem do mundo estava em perigo, Zeus pediu a Plutão que devolvesse Perséfone.



O rei dos infernos curvou-se à vontade soberana do irmão, mas, habilmente, fez com que a esposa Perséfone colocasse na boca uma semente de romã. Obrigou-a engolir, e assim a impedia de deixar a outra vida. Finalmente, chegou-se a um consenso: Perséfone passaria quatro meses com o esposo e oito com a mãe.









Reencontrando a filha, Deméter radiante de felicidade, retornou ao Olimpo e a Terra cobriu-se, instantaneamente, de verde. Antes de seu regresso, porém, a grande deusa ensinou todos os seus mistérios ao rei Céleo, a seu filho Triptóleno, a Déocles e a Eumolpo ensinou os mais belos ritos, os ritos augustos (divinos) que são impossíveis de transgredir, penetrar ou divulgar, ou seja: o respeito pela deusa (o sagrado feminino), que de tão forte, embarga a voz.






Interpretação

Vemos pelo mito acima, que são muitos os momentos e passagens que a mulher passa em sua vida. Podemos considerar como principais as seguintes: nascimento, menstruação, casamento, gravidez, parto, menopausa e morte. Se fizermos uma retrospectiva aos assuntos estudados será fácil constatar que dentre eles a menopausa esta entre os mais importantes. O que não significa que os outros sejam menos importantes. 

O termo menopausa deriva do grego mens = mês e pausis = parada, ou seja, significa o fim dos fluxos menstruais ou a última menstruação, devido à perda da atividade folicular ovariana. A menopausa costuma ocorrer entre 35 e 59 anos, dizendo-se prematura quando se instala antes dos 40 anos, e tardia após os 52 anos. No discurso das mulheres percebemos que a maioria delas considera a menopausa como a parada da menstruação ou fim da fertilidade, o que chama atenção uma vez que se costuma considerar que a própria feminilidade da mulher é significada pela via da maternidade. O material referente à menopausa se refere a ela como uma carência, ou um sintoma de envelhecimento. É verdade que, na literatura junguiana, muito já foi explorado no que se refere ao processo de individuação e a segunda metade da vida. Além disso, é impressionante como há, na mitologia, mitos que fazem referências a situações de passagem que o ser humano atravessa, tais como os citados anteriormente. Entretanto, é mais impressionante percebermos que são mínimas as referências a uma situação que toda mulher que vive até cerca dos 50 anos precisa enfrentar. Dentre os mitos, procuramos aqui imaginar como o mito de Deméter e Perséfone, deusas gregas, pode ser utilizado para ilustrar o ritual de passagem ao qual é submetida à mulher quando sua menstruação começa a faltar e como ela se relaciona com a psique e o corpo nesta fase. 

No mito, é nítida a referência feita às fases da vida, menina/moça/idosa, e de seus personagens. Pensando em Deméter e Perséfone como componentes simbólicos da mesma personalidade, e na simbologia da menopausa como aquela que leva a mulher jovem e deixa à idosa, podemos imaginar o rapto de Plutão como a menopausa, ou seja, aquele que leva a jovem da vida da mulher adulta e deixa à “velha” (muitas mulheres afirmam que com a menopausa passaram a se sentir velhas), pois quando se vai à menstruação e leva com ela a juventude, fica a maturidade, “a velhice”. Essa separação, demonstrada de forma dramática no mito, parece ser de grande importância para mostrar os conflitos que a mulher enfrenta, para viver toda e qualquer nova fase. 

Se olharmos com atenção para os conflitos enfrentados pela deusa, como as mudanças corporais, vivências estranhas, tristeza, solidão, labilidade de humor, podemos perceber que eles podem ser associados com facilidade às vivências por que passa uma mulher na menopausa. Como resultado de tantas mudanças e limitações está à ira, já que a "jovem" dela foi levada. A mulher passa por um momento de solidão, recolhimento e isolamento, já que não tem como expressar aos outro o que se passa com ela. A vivência da morte e esterilidade se relacionam com o fim da fertilidade que assola a terra. Como Deméter, é como se a mulher que entra na menopausa se sentasse na "Pedra sem Alegria".

No mito, a deusa não desiste de sua busca, a "velha" acredita que conseguirá resgatar a "jovem" do Inferno. O mesmo me parece que acontece com a mulher depois que entra na menopausa. É impressionante hoje percebermos como as mulheres estão cada vez mais jovens esteticamente, além do fato comprovado de que elas têm vivido muito mais. O cuidado com Demofonte e a tentativa de torná-lo imortal podem ser associados ao desejo da mulher menopausada de ser eternamente jovem. Mas será que, pensando no que vinha sendo discutido anteriormente, Demofonte não poderia também ser associado aos sentimentos e emoções dessa mulher, antes primitivo e infantil, e que agora, com a ida da jovem para o Hades, é cuidado, tratado e crescendo forte e robusto?

O retorno de Perséfone, comprometida a passar 1/3 do ano nas profundezas pode ser facilmente relacionado ao fato de que é através de sua juventude que, diferente do que a mulher pensa não se perde para sempre com a menopausa, mas sim, é que ela estará comprometida com o profundo, mostrando a necessidade e possibilidade do reencontro e da união da jovem e da velha.

Analisado como o mito em si pode se relacionar à menopausa, podemos considerar qual a importância do arquétipo de Deméter para a mulher, e como o mesmo influencia a mulher que chegou ao fim de sua vida fértil.

Deméter é conhecida como a deusa mãe, da fertilidade e provedora de alimento espiritual, sendo considerada a que nutre, a mais protetora de todas as deusas. Mesmo que não possamos afirmar que este é o arquétipo dominante em todas as mulheres, acredito que no momento em que uma mulher considera sobre ter um filho, ela está cultivando e convidando o arquétipo materno, de Deméter, a se tornar mais ativo. Acredito que possamos afirmar sim, que a grande maioria das mulheres (senão todas), em algum momento de sua vida considera ou ao menos pensa sobre ter um filho. Se neste momento, o arquétipo materno está se tornando um pouco mais ativo, poderíamos então afirmar que, pelos menos em alguns momentos durante sua existência, toda mulher teria o arquétipo de Deméter dominante?

A partir do mito, podemos perceber que quando o arquétipo não pode ser realizado, a mulher tipo Deméter pode mergulhar em uma depressão, uma vez que sua vida passa a ser afetada pela falta de um significado. Se pensarmos na menopausa como uma impossibilidade, agora definitiva, de realizar novamente o arquétipo, principalmente se pensarmos que ela costuma vir com a saída dos filhos de casa para viverem as suas próprias vidas, poderíamos pensar também na mesma como uma ativação, em diferentes graus, desse arquétipo. Se considerarmos, além disso, que de acordo com as pesquisas, depressão, tristeza e angústia são sintomas comum da menopausa, não poderíamos associar esses sentimentos a aqueles sofridos por Deméter quando sua filha(o) cresce e deixa sua casa? Pensando no que foi discutido anteriormente sobre a natureza da vida/morte/vida, não seriam esses sintomas características do enfrentamento da morte de um período, que inclui a possibilidade de ser mãe novamente (ou pela primeira vez)? 


Esses questionamentos são feitos baseados na importância da maternidade para a mulher, além de ser ela a característica mais marcante de Deméter. Entretanto, é necessário ressaltar que este arquétipo não se relaciona apenas ao ser mãe, mas ele representa o instinto maternal desempenhado também na nutrição física, psicológica ou espiritual de qualquer outra pessoa, mesmo que não seja um filho biológico. Assim, podemos imaginar que a impossibilidade de nutrir um filho biológico poderia possibilitar que a mulher passasse a nutrir outras pessoas e, mais importante, a si mesma. Creio ser essa a razão pela qual grande parte das mulheres que entram na menopausa começa a buscar seu próprio desenvolvimento psicológico através de reflexões e questionamentos.


quinta-feira, 26 de março de 2015

As Várias Formas De Se Vir Ao Mundo

Por Adriana Vitória - artista plástica, escritora e designer autodidata
Fonte: http://www.contioutra.com/as-varias-formas-de-se-vir-ao-mundo/





Quando engravida, toda mulher que você encontra tem conselhos ou historinhas pra contar, boas e más, e acreditem, foi neste período que me dei conta de que, apesar de todas as qualidades femininas, quando se trata de solidariedade, os homens dão um banho nas mulheres.
Não importa de quem venha, não ouçam! Não vale a pena. Nunca haverá uma historia igual a outra. Cada pessoa é um caso.
Tive uma vida absolutamente normal durante os nove meses da minha gravidez. Trabalhei, me mudei e dirigi ate poucas horas antes da minha filha nascer. Ela veio ao mundo depois de 12 longas horas de trabalho de parto. Foi um dia surreal que nem em meus melhores momentos criativos poderia imaginar.
Fiquei horas em um quarto com cinco homens (2 obstetras, 1 anestesista, 1 pediatra e o pai) a espera de um bebê. Depois de horas de papo e cantorias- o pediatra amava sambas e cantou muito pra mim- ela finalmente começou a vir. Já podia enxergar o topo da sua cabecinha, mas então, ela se moveu um pouquinho e a cabeça ficou presa.
Caos! A primeira vez em que me agarrei ao anestesista e pedi socorro. Era uma dor alucinante que descia pela minha perna.
Mesmo assim não desisti do parto normal, queria continuar tentando.
Pedi que tentassem me segurar de ponta cabeça, quem sabe assim ela não voltaria para descer na posição certa? Eles estavam meio incrédulos, mas concordaram. Acho que ganhei mais dois minutos de chance por merecimento, afinal de contas, quantas mulheres suportariam tantas horas sem reclamar de nada, sem chorar ou gritar ?
A tentativa foi em vão. Ela continuou no mesmo lugar. Não dava mais pra esperar. Dei adeus ao aconchego do quarto e fomos pra sala de cirurgia. Estranhamente não me sentia cansada. Estava ansiosa pra ve-la e, minutos depois, finalmente, ela nasceu. Veio pra mim chorando. Falei com ela e ela se acalmou imediatamente.
Apesar de tudo, foi tudo muito natural pra mim, como se estivesse tendo meu decimo bebê.
Outro dia, o pediatra postou em seu facebook a noticia de que as casas de saúde no Rio estavam impossibilitadas de receberem as mulheres em trabalho de parto por causa do enorme número de reservas de partos programados ou cesarianas.
Quando foi que nos distanciamos de nossa natureza feminina? Ninguém é obrigado a sentir dor se não precisa.
Compreendo que algumas mulheres com problemas de saúde tenham que evitar o parto natural, tão defendido corajosamente pelo meu obstetra Marcos Dias, mas chegar a este ponto quando se têm anestesias para amenizar as dores das contrações é demais pra minha compreensão.
Provavelmente não teríamos sobrevivido em outra época ou país, mas estamos aqui e sou grata a todos os que estavam presentes, a Deus e a este dia inesquecível e maravilhoso.
Pra mim, assim como morrer, nascer é um processo que precisa ser vivenciado.

domingo, 8 de março de 2015

A MORTE É UM DIA QUE VALE A PENA VIVER

Fonte - http://www.50emais.com.br/saude/medica-a-morte-e-um-dia-que-vale-a-pena-viver/

Este vídeo impressionou, no bom sentido, a minha amiga Renata Rieken e a minha irmã Nem Santana, ambas com mais de 60 anos. Assim que acabaram de assistir, as duas o enviaram para mim. Fiquei intrigada com o título, porque, normalmente, as pessoas fazem tudo para não falar sobre a morte. Embora seja a única coisa certa da vida, todos temem discutir sobre o nosso destino final.

O vídeo, que já foi visto por mais de 100 mil pessoas, tem 18 minutos e mostra uma palestra da médica Ana Cláudia Quintana Arantes, especialista em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium e Universidade de Oxford, além de pós graduada em Intervenções em Luto. Com sua enorme sensibilidade, doutora Ana Cláudia consegue transformar um assunto que muitos consideram macabro em uma verdadeira aula sobre a vida. Não deixe de ver até o final:



domingo, 22 de fevereiro de 2015

Por Que Pensar Te Torna Um Ser Mais Solitário?

Fonte - http://lounge.obviousmag.org/recanto_da_desconstrucao/2014/10/por-que-pensar-te-torna-um-ser-mais-solitario.html ( Por Bruna Cosenza)


A sociedade pós-moderna está carente de Nietzsches. Pensar exige esforço e a coragem de encarar complexidades que, muitas vezes, preferimos ignorar.


"Quando Nietzsche Chorou", obra de Irvin D. Yalom, traz grandes nomes da história como Josef Breuer, Sigmund Freud e o meu preferido: Friedrich Nietzsche. O autor mescla fatos reais e ficção com o intuito de explorar o nascimento da psicanálise por meio de encontros entre Breuer e Nietzsche que nunca aconteceram realmente.
O filósofo alemão sofre de uma crise existencial e depressão suicida que o atormentam profundamente, enquanto Breuer, que tem a missão de ajudá-lo, também está passando por algumas angústias pessoais. Dentre todos os temas discutidos ao longo do romance, o que mais me chamou a atenção foram as características de Nietzsche, que o tornam um homem completamente distante e solitário. Uma das falas do filósofo ilustra bem como ele se sente: "Às vezes, enxergo tão profundamente a vida que, de repente, olho ao redor e vejo que ninguém me acompanhou e que meu único companheiro é o tempo."
Por ser tão fechado, Nietzsche não podia saber que estava sendo tratado por Breuer, pois a ideia de ter alguém invadindo sua intimidade o assusta completamente. A transformação ao longo das sessões é que Breuer lentamente se torna o paciente quando Nietzsche começa a ajudá-lo em relação aos seus tormentos e fantasias sexuais com uma mulher que não é a sua esposa. Posteriormente, o filósofo começa a confiar no psicanalista a ponto de se abrir como nunca havia feito antes.
O interessante é a forma como Nietzsche lida com a vida. Completamente fechado e sem conseguir estabelecer fortes laços devido a um trauma com uma mulher no passado, é um homem totalmente sozinho. E um questionamento que logo me veio foi: por que pessoas pensantes e reflexivas como ele costumam ser tão solitárias?
Normalmente, quem vive numa espécie de superfície tem mais facilidade de interagir com o mundo, pois seus dramas não tem a mesma magnitude daqueles vivenciados por um Nietzsche. E não entenda viver na superfície como uma crítica, pois é apenas uma das milhares de formas que o homem encontra para enfrentar sua jornada. Existem diferentes graus de se encarar a vida. Alguns mascaram as obscuridades justamente pelo medo que tem de enfrentar a dor. Outros, no entanto, transitam pela vida sem se darem conta da sua enorme teia de complexidades.
Entender e aceitar todas as dores da existência dá muito trabalho. Pensar resulta em incertezas, falta de respostas e consequentemente em angústias. Quem sofre com tudo isso é a psique, que de tão atormentada, pode posteriormente afetar o comportamento e a personalidade. Nietzsche diz enxergar a vida de forma tão profunda que se sente completamente sozinho. Com quem ele discutiria suas questões provenientes de uma visão tão reflexiva sobre a vida? Quem não tem esse mesmo nível de profundidade também não tem capacidade de viver com pessoas como Nietzsche.
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Josef Breuer é contaminado por tantas reflexões de Nietzsche que em determinado ponto do romance não identifica mais nenhum sentido para sua vida. "Aquele rapaz agora envelhecido atingiu o ponto da vida em que não consegue mais ver seu sentido. Sua razão de viver, minha razão, minhas metas, as recompensas que me impeliram pela vida, se afigura absurda agora, quando medito em como busquei besteiras, em como desperdicei a única vida que possuo, um sentimento terrível de desespero me domina", relata o psicanalista. Chegar nesse extremo é realmente desesperador, podendo resultar em crises e depressões profundas como as vivenciadas por Nietzsche.
Tendo em vista pessoas pensantes como Nietzsche, é possível fazer uma relação com a sociedade pós-moderna, permeada por indivíduos que tem extrema dificuldade de ficarem completamente sozinhos. Hoje, com o avanço tecnológico, as pessoas tem o costume de estarem 24h por dia conectadas e em momentos em que seria essencial a solidão para reflexão, rapidamente recorrem a um aparato tecnológico, uma mensagem a um amigo ou uma foto que consiga likes o suficiente com o objetivo de suprir essa carência e mal-estar. Estar realmente sozinho chega a ser uma raridade de poucos atualmente.

Essas pessoas que dificilmente tem um momento de reflexão solitário, diferente dos Nietzsches, parecem ser mais leves, despreocupadas e até mais felizes, talvez por mascararem suas angústias ou simplesmente por nunca terem se deparado com elas. Refletir sempre vai resultar em dor e descontentamento. Quem pensa, se dá conta de que muita coisa na vida não tem sentido nenhum e pensar mais e mais pode só aumentar a agonia. É por esse motivo que os Nietzsches que andam por aí muitas vezes são vistos como pessoas amarguradas e estranhas. Na verdade, encarar as verdades da vida torna esses indivíduos mais críticos, pois continuam numa busca incessante por respostas que podem nunca alcançar. Dessa forma, se isolam da maioria por se sentirem completamente incompreendidos e desencaixados num mundo onde parece que ninguém os acompanha.
O equilíbrio é essencial. Ser um Nietzsche constantemente pode gerar muito sofrimento como pode ser percebido no romance, mas ser incapaz de ter um momento solo é um erro muito comum hoje em dia e que passa despercebido.
Você que está lendo isso, quando foi a última vez que se sentiu um Nietzsche? Um peixe fora d’água? Quando foi a última vez que passou um dia inteiro realmente sozinho? Sem recorrer a ninguém além de si mesmo quando bateu uma agonia, uma dificuldade ou simplesmente uma tristeza. O mundo pós moderno está carente de verdadeiras pessoas pensantes, que saem da caixa sem medo de explorarem as profundezas mais escuras desse oceano que é a vida.





Sofrer dignifica, faz crescer... Mas sofrer em excesso leva ao desespero, à dor incontrolável. Portanto, pensar é preciso, mas ponderar os pensamentos é obrigatório. Quem pensa demais, vive de menos. E por mais que eu admire os Nietzsches que ainda existem por aí - solitários e reflexivos, tenho certeza de que quem trilha este caminho tem uma árdua tarefa que pode resultar na mesma conclusão de Nietzsche: 

"Penso que sou o homem mais solitário do mundo."

sábado, 10 de janeiro de 2015

UMA OSTRA QUE NÃO FOI FERIDA NÃO PRODUZ PÉROLAS













(Desconheço autoria)

Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia. Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar.
Quando um grão de areia a penetra, ás células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando. Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
O mesmo pode acontecer conosco se:
- Você já sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? 

- Já foi acusado de ter dito coisas que não disse? 

- Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas? 

- Você já sofreu o duro golpe do preconceito? 

- Já recebeu o troco da indiferença?


Então, produza uma pérola ! Cubra suas mágoas com várias camadas de amor.
Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, mágoas, deixando as feridas abertas e alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem.
Assim, na prática, o que vemos são muitas “ostras vazias”, não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor. Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes, vale mais do que mil palavras!