A constatação é patente e inequívoca. A fé trouxe a humanidade a até os dias atuais. Não existe uma civilização, seja atual ou antiga que não tenha demonstrações de fé. Mas, o que é a fé? Sabemos que do ponto de vista religioso, a fé é uma ferramenta poderosa para nos manter fortes e firmes em nosso propósito de elevação não somente espiritual, mas material também. Escavações arqueológicas que são de cerca de 80.000, nos mostram em suas pinturas que a elevação espiritual e adoração sempre esteve presente no intimo do homem. Digamos que tais pinturas seriam os primeiros altares da história humana. Darwin, em seu livro A DESCENDÊNCIA DO HOMEM, de 1871, afirma que:
" A fé surgiu como consequência dos consideráveis avanços da capacidade racional do homem. Ela nasceu da imensa capacidade humana para exercer a sua curiosidade, sua imaginação e sua faculdade em se encantar."
Mas estudos feitos pela Universidade Carnegie Mellon nos Estados Unidos, tentaram encontrar nas interligações do cérebro humano o centro nervoso da fé. E como Darwin previu, esta região não pode ser geograficamente localizada no cérebro. Do ponto de vista biológico a fé é o resultado da interconexão de diversas regiões cerebrais, exatamente como ocorre com as demais funções cognitivas superiores, ou seja, o pensamento complexo ou a capacidade de apreciar uma obra de arte ou uma música. Porem, especialistas apontam o aparecimento da fé durante a era glacial. Para espanto dos estudiosos, a fé não apareceu lentamente como como algumas conquistas humanas como a agricultura e utensílios de trabalho e roupas. A fé simplesmente surge na humanidade e cresceu rapidamente e de forma abrupta e se difundiu. Ou seja, simplesmente ela eclodiu. Ritos funerários que existe desde a aurora dos tempos, eram praticados pelo menos a aproximadamente 40.000 anos atras. Com os corpos eram enterrados roupas, ferramentas, armas e comida, pois os povos antigos acreditava que o morto iria precisar deles em sua travessia espiritual. Esses ritos mostram uma recusa do homem antigo em aceitar que a vida se acabava no tumulo, e achava-se que havia algo alem da vida aqui. Ou seja, apesar de a vida terminar aqui, acreditava-se que alguma coisa sobreviveria para alem da morte física.
Tudo o que esta escrito acima são especulações e interpretações científicas, que tem a finalidade de explicar o fenômeno que a humanidade tem de acreditar em algo. É como Darwin tentou demonstrar, que a fé não está em nossos genes mas que esta nasceu como o fogo ou a escrita, através de nosso espirito investigativo inerente no ser humano. Ou seja, a fé evoluiu para acreditar nos deuses e no sobrenatural. E isso significou uma grande vantagem para a humanidade que nascia e se desenvolvia. Acreditar nos mesmos deuses, formou as primeiras bases das primeiras civilizações. Ser estrangeiro, não significava ter outro rei ou habitar região diferente. Mas sim, venerar deuses diferentes. E foi neste período que a fé se torna um instrumento de coesão social, de dominação interna e conquistas externas, pois passou-se a dizer que se algo era divino, então não deveria ser mudado nem desobedecido. Assim era a fé antes de Jesus. E até hoje, muitas idéias são defendidas com base nestes argumentos. Ou seja, como se tivessem um núcleo sagrado, portanto invioláveis e inquestionáveis. Antes de Jesus, a fé cria a coesão dos clãs cria a cooperação entre membros de uma mesma cidade e lhes dá a noção de transcendência de futuro, para que os homens manifestassem as suas crenças de uma mesma maneira. E muitos conforme já dito, se aproveitaram da fé para subjugar e dominar a outros povos e pessoas. O Deus único do judaísmo era autoritário, guerreiro e vingador. Os deuses gregos eram mesquinhos, também vingativos, adúlteros e assassinos. Porem a passagem de Jesus sobre a terra, dividiu a história em um período que é antes e depois dele.
Jesus foi o maior pregador que nasceu na Palestina, e o fascínio que ele exercia, ainda continua forte. Não somente em torno dos que buscam um consolo, como também por estudiosos de assuntos da fé, teólogos e leigos. Ele é cada vez mais aceito por pessoas de todas as crenças religiosas e correntes filosóficas como o homem que alem de lançar as bases morais e éticas da civilização ocidental, também reinventou e deu novo rumo a fé. E isso tudo fora de sua permanência e aceitação do cristianismo. Para Maomé, e demais praticantes do islamismo, Jesus foi e continua sendo o maior profeta da humanidade. E é um desafio para antropólogos teólogos e estudiosos, explicarem como é que um homem sozinho conseguiu e consegue até hoje mover multidões apenas com palavras. Jesus ensinava o perdão, a pacificação e dizia que Deus, a quem ele chamava de Pai, não era um Deus da guerra e nem punia. Mas que Deus era amor. E então o Deus hebreu, o Deus Único, passou a ser um deus da misericórdia da compaixão e do perdão. E esta doutrina pregada por Jesus, causou uma ruptura e inaugurou uma nova era, em que a humanidade não mais seria submissa a deuses duros, cruéis e vingativos. Jesus, é o que segundo alguns estudiosos afirmam, a força que reuniu diversas doutrinas em torno de si mesmo e de sua palavra. E o que intriga mais ainda os estudiosos é que Jesus fez tudo isso sem deixar uma unica linha escrita, não montou exércitos não acumulou bens materiais e jamais se afastou mais do que alguns quilômetros de Nazaré, na Palestina onde foi criado. E mais inexplicável ainda para historiadores, é o fato de as mensagens de Jesus ter sobrevivido e atravessado gerações, pregando o desapego material, tolerância e humildade, enquanto que outros supostamente divinos antes dele desapareceram ou mantem-se circunscritos a pequenos núcleos de adoração quase anônimos, enquanto Jesus continua fazendo adeptos. Para os cristãos, isso é sinal de origem divina.
A ciência enfrenta um paradoxo parecido com a fé. E por mais que ela avance, não consegue desvencilhar-se da ideia de Deus.
O físico Leon Lederman, premio nobel em 1988 defende a ideia de que a ciência deve estudar a hipótese teológica. Para ele, o grande desafio da ciência atual é explicar o fenômeno divino.
Albert Einstein afirmava que a religião sem a ciência é manca. Mas que a ciência sem religião é cega.
Stephen Hawking pensa parecido com Einstein quando afirma que:
"Ou encontramos explicações cientificas para certos mistérios da criação do universo, ou teremos de aceitar que ele foi feito com o objetivo de abrigar a vida humana."
Estudiosos do fenômeno chamado fé ainda se dividem entre os que explicam os bons resultados pelo estilo de vida mais saudável das pessoas religiosas, e os que veem nas curas uma intervenção divina. Os benefícios para pacientes dos processos de meditação e reflexão espiritual são tão inequívocos nos exames laboratoriais, que a ciência ortodoxa esta se mexendo para estudar e tentar explicar o que for possível do fenômeno. O interesse da medicina tradicional cresce a cada dia. Mais de 125 escolas de medicina nos Estados Unidos oferecem cursos em sua grade curricular, cursos que estudam as interações entre a espiritualidade e a saúde.
Na Brasil a AME BRASIL ( Associação Médico Espirita Do Brasil), faculta em diversas faculdades cursos de pós graduação e extensão para um público leigo e profissional.
Harold Koenig, do Centro para Estudos da religião e Espiritualidade da Universidade Duke nos estados Unidos afirma:
"Os avanços nessa área são incontestáveis. A fé é um fator determinante na qualidade de vida das pessoas. Os resultados das pesquisas apontam para duas evidencias. A primeira é que as pessoas religiosas vivem mais do que as que não acreditam em nada. A longevidade é em média 10% maior entre aqueles que não acreditam em nada. A segunda é que mulheres e homens que rezam com frequência se curam com maior facilidade em que casos de doenças em que o stress é fator determinante." Também afirma que: " Pessoas que tem fé em geral, segundo as pesquisas são menos propensas a beber, fumar, lidar com drogas, e a ter comportamento sexual de risco. São também menos ansiosas e mais atentas a fatores de segurança cotidiana como usar cinto de segurança no carro, alem de seguir mais fielmente orientações médicas.
Outro estudo promovido pela faculdade de medicina de Dartmouth, Estados Unidos, que mostrou que pacientes com convicções religiosas, tinham três vezes mais chances de sobreviver a cirurgias cardíacas do que os não religiosos. A discussão sobre a capacidade da fé curar doenças é interminável, mas com base em estudos e pesquisas feitas, existe um consenso acerca de alguns pontos. Os médicos admitem segundo as pesquisas efetuadas na Rush University Medical Center que pessoas que rezam ou frequentam igrejas e templos de adoração regularmente:
- Vivem mais
- Correm menos riscos de adquirir vícios
- Tem muito mais chances de abandonar vícios
- Contraem menos doenças sexualmente transmissíveis
- Tem menos depressão
- Sofrem de menos stress
Os médicos tem dúvidas se as pessoas que rezam ou frequentam igrejas e templos de adoração regularmente:
- Sofrem menos de doenças cardíacas
- Recuperam-se mais rapidamente de doenças em geral
- Apresentam recuperação pós cirúrgica mais rápida
- Apresentam maior qualidade de sobrevida ( Aids por exemplo)
- Ficam doentes com menor frequência
Os médicos descartam radicalmente a ideia que:
- Pessoas podem ser curadas somente pela fé
- Tem menos doenças neurológicas
- Desenvolvem menos estados cancerígenos
Apesar de os estudos apontarem pontos contra e a favor da fé, eles não são conclusivos. Nem para apoiar e nem para condenar a relação entre fé e a cura. Porem, essa limitação não inibe a ousadia de pesquisadores. Na Universidade Columbia em Nova York, usaram para experimentos mulheres com dificuldades para engravidar. Elas foram divididas em dois grupos. Em um grupo, formou-se grupos de adoração e oração. O outro grupo não orava e ficou somente com a terapêutica convencional. Porem nenhum dos dois grupos ficaram sabendo de que se tratava o experimento que era para que fatores psicológicos não interferissem. O resultado foi que 50% das mulheres do grupo de oração engravidaram, sendo que no segundo grupo, apenas 23% engravidaram. A diferença é expressiva, mas é de se esperar que o experimento não convenceu a maioria médica que considerou o experimento muito flutuante. Porem, uma coisa foi consenso entre todos, ou seja, médicos, estudiosos e cientistas. Que a fé trás benefícios que ainda a ciência não consegue explicar como e nem porque. E sendo assim, a ciência médica mostra-se disposta a colocar a seu serviço esta ferramenta que somente pode trazer benefícios.
Quando a fé mata
Amy Hermanson de Sarasota na Florida teve diabetes. Morreu por volta do ano de 1990. Ela e seus pais frequentava um culto chamado de Ciência Cristã Seus pastores recomendam aos fieis que não procurem médicos para tratar doenças. Mas que em vez disto, que eles orem apenas. Quando Amy morreu, seus pais foram julgados e inocentados com base na alegação de uma lei que defende a liberdade religiosa. Apesar de o juiz mostra-se contra a decisão dos jurados, ele teve que manter o veredicto e absolver os pais da criança. Até hoje esta lei não foi alterada.
Emanuel, espirito que psicografava pelo médium mineiro Chico Xavier, certa ocasião foi questionado sobre o que é a fé. Em sua resposta no livro O CONSOLADOR, ed FEB, 17 edição, capitulo IV, pag. 200, na pergunta de número 354:
354 - Poder-se á definir o que é ter fé?
R: Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da responsabilidade. Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer: " eu creio", mas afirmar: " eu sei", com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstancia da vida e saber trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido. Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no intimo do espirito a disposição do discípulo relativamente ao " faça-se no escravo a vontade do Senhor."
Enfim, a fé é um assunto amplo e comporta o que o ser humano tem dentro de si aliado a conceitos culturais, religiosos, antropológicos e pessoais. Vemos exemplos de fé racional e fé recheada de fanatismo. Vemos exemplos de fé na ciência e fé no racionalismo. Inclusive vemos a fé no ateísmo Mas seja qual for a fé, ela com certeza serve para nos fazer e deixar melhores do que somos a partir de uma pergunta que não quer calar em nosso intimo. De onde eu venho. O que faço aqui. E para onde eu vou após a morte?