São informações internas que surgem de repente e independentemente de nossa
vontade. Nosso pensamento caminha por caminhos que a gente mesmo nem
imagina.
Temos
muitos pensamentos que não são bons para nós. São prejudiciais,
mas por que ainda assim continuamos pensando ?
Por que estes são
pensamentos automáticos.
Eles vêm do inconsciente. Se não identificarmos estas
crenças, acabamos funcionando meio que no automático, como se a gente fosse
controlado por um controle remoto. Tudo o que a gente faz na vida é baseado no
que a gente acredita, ou seja, baseado em nossas crenças internas. A roupa que
a gente escolhe na loja é baseada no que acreditamos que é adequado ou não para
nós. O curso, a escola, que fizemos, foi baseada no que acreditamos que se
encaixa em nossa vida. As pessoas que permitimos que entrem na nossa vida são
baseadas no que nós acreditamos que possa ser bom, e quando não conseguimos nos
livrar de uma pessoa inconveniente é porque não acreditamos ser capaz de se
livrar dele ou dela. Funcionamos baseados em nossas crenças internas, e nem
sempre o raciocínio lógico participa das nossas escolhas, das nossas decisões.
Como
por exemplo, a decisão quanto a que namorado vai escolher ou qual bairro vai
morar. Toda decisão é baseada em suas crenças internas. Criamos um modelo de
pessoa ou de local em nossa mente a partir do que cremos ser o ideal. Mas nem
sempre o que idealizamos de fato se torna bom e ideal. Cada crença
interna é baseada em nossas representações mentais pessoais. E seja, na nossa
forma de ver o mundo, e essa crença, é diferente para cada pessoa. Dois irmãos
criados juntos têm perspectivas diferentes um do outro, pois têm aprendizados
diferentes, tem experiências diferentes. Todo sentimento, e tudo o que a gente
tem é determinado pelo modo como a gente interpreta o mundo através das nossas
crenças internas.
Mas
como é que se consegue perceber a perspectiva de cada um? Como é que descobrimos qual a crença interna de cada um,
já que nem sempre são claras?
O
grande sinalizador são os nossos sentimentos. A forma como reagimos e a
intensidade de nossas emoções dão o caminho para chegar às crenças e que normas
internas estão regendo nossa mente. É por isso que o psicólogo, o
psicanalista está sempre perguntando, questionando quais sentimentos está vindo
à tona. Quais as angústias, quais as ansiedades, o que está deixando a pessoa
para baixo. Até conseguir identificar que sensação é essa que se está sentindo
é comum a pessoa dizer: “eu me sinto muito mal”. Mas que sentimento é este? É
angústia, é humilhação, é medo? Que nome tem esse sentimento.
Esse é
o grande caminho para o profissional atingir a vida mental, o funcionamento
cognitivo e assim fazer muita coisa pelo seu cliente. Quando descobrimos o que
nos deixa inseguro, quando descobrimos o porque, por exemplo, você sente que
toda vez que está falando com alguém ou fazendo alguma coisa, sente que está
sendo observado e julgado pelos outros, podemos mudar esses sentimentos e
finalmente nos permitirmos a ser livre dos medos.
Descobrir
o que nos trava é fundamental para libertar dessa trava. Muitas de nossas crenças internas são
armadilhas de nossa alma. As pessoas acreditam em tanta bobagem e depois nem
percebem porque que se tornaram depressivas, ou ansiosas. E sabe o porquê?
Porque não tiveram oportunidade ou humildade em questionar essas crenças
destruidoras. E essa falta de oportunidade, de humildade, se deve a fatores
religiosos, familiares, sociológicos, culturais e antropológicos.
Por
exemplo, uma pessoa que se considerava esquecido pelas outras pessoas, tão indesejado
que cada moça que sorria, ele já a pedia em casamento. E por quê? Por causa de
sua crença de que jamais alguém iria se interessar por ele.
Essas
crenças disfuncionais, erradas, vêm de situações da infância desse rapaz, e se
potencializou ao longo de sua vida, gerando uma carência e um sentimento de
solidão enorme dentro dele, a ponto de ele não saber lidar com isso.
O
importante é perceber que a gente forma algumas idéias muito distorcidas, e
isso nos prejudica de uma forma tão silenciosa que ninguém percebe. É como um
cupim que vai comendo a madeira por dentro. Para quem vê de fora está tudo
perfeito, tudo lindo! Mas vai lá olhar por dentro.
É
muito interessante como em uma terapia, descobrimos tanta gente que sofria que
se condenava e até se sabotava e isso tudo, pelo que acreditava, por causa de
crenças, ao invés de fatos reais.
Por
exemplo, você acredita piamente que seu chefe te odeia, mas nunca analisou e percebeu
que ele é estressado, vive correndo, e por isso nunca parou para reconhecer seu
trabalho e não porque ele te odeia.
Tem
casos de pessoas, que em algum momento da infância ou adolescência se sentiam
os verdadeiros patinhos feios. Sabe aquela coisa de usar aparelho, óculos, bota
ortopédica. A criança se sente um ET. Eles crescem com essa autoimagem
negativa, e quando se tornam adultos essa imagem não é mais verdadeira, mas
ainda mantém esse visual antigo como referência. Internamente ele ainda se olha
como um adolescente desengonçado, quando que na verdade é uma pessoa linda e
muitas vezes, linda fisicamente e internamente! Uma frase para nos fazer
pensar:
ʺA
auto condenação envolve a crença em uma mentira a respeito de nós mesmosʺ.
Avaliando nossas auto condenações, procurando as mentiras que muitas vezes a
gente conta para nós mesmos, podemos pensar: ʺPoxa aquela moça na adolescência
foi o patinho feio, mas se ela se olhar no espelho ela não vai perceber que a
realidade hoje é outraʺ.
Mas
não. E por quê? Porque sempre interpretamos e muitas vezes distorcemos tudo o
que acontece com a gente. O que significa que nunca somos realmente objetivos.
A moça se vê no espelho, está linda, mas ela se percebe ainda feia, ela acha
defeitos aonde não tem. É por isso que o trabalho na
psicoterapia deve ser profundo. O psicólogo, o psicanalista, não cura
insegurança contando para pessoa que ela é bonita, competente etc. Isso os
amigos, os parentes já fizeram. Ou pelo menos deveriam ter feito. Mas a
psicoterapia tem como proposta ir fundo e resgatar essas crenças erradas,
distorcidas, que não tem mais função, mas ainda perturbam muito. Outro caso
muito comum que aparece em uma seção de psicanálise são situações de conflito,
como por exemplo: ʺEu sou uma pessoa terrível porque às vezes eu erro...Eu não
admito errarʺ ! Isso relacionado a situações onde ninguém exigia perfeição, mas
só ele se auto exige ser perfeito.
Então...para
você se sentir uma pessoa má, ruim, inferior, isso é sempre comparado com outro
alguém, ou seja, eu só sou inferior perante outro que eu veja como melhor do
que eu. Daí a importância da humildade: Dar sim importância à outra pessoa.
Mas, reconhecer o valor do outro sem se sentir diminuído, essa sim, é a
verdadeira humildade.
Um
exemplo: Você percebe que outra pessoa fala em público muito melhor do que
você. Você tem duas opções: se odiar por isso, ou ver o que pode fazer para
melhorar.
Qual a
melhor opção?
Você
não tem obrigação de ser perfeito. Esta frase parece só uma frase, mas quando
você consegue sentir isso la dentro, la no fundo da alma, quando sentir não só
saber intelectualmente que “você não tem obrigação de ser perfeito”, isso por si
só já lhe traz alívio. Isso serve para os perfeccionistas que veem erro onde
não existe. Mas se o seu erro foi concreto, se você prejudicou outra pessoa
você deve fazer de tudo para se redimir. Corrigir o erro, pois neste caso não
se trata de uma culpa psicológica, mas culpa real.
Outro
aspecto a ser considerado. Falei agora a pouco das crenças que a gente vai
introjetando. À medida que passa pela vida vamos acumulando crenças a respeito
de nós mesmos e do mundo. Estas crenças se tornam os nossos princípios. Já
perceberam quando alguém faz determinada coisa por princípio?
Muitas
vezes a tal coisa não tem lógica. Quantas vezes a gente ouve ʺpelos meus princípios
eu só faço tal coisaʺ, ou ”pelos meus princípios não faço tal
coisa”. Esses princípios agem de uma forma autoritária. Chega um momento
que você não questiona mais, não raciocina mais, simplesmente sai agindo e
reagindo conforme seus princípios. Meio que como por tradição.
Tem
muita tradição sem lógica. Estes princípios são a base da nossa auto estima. O
quanto gostamos, valorizamos as qualidades que conseguimos enxergar em nós
mesmos, são baseados nas crenças que adquirimos sobre nós mesmos. O problema é
que quando a gente vem carregando muita crença sem utilidade, muita crença que
atrapalha, a gente começa a ficar depressivo, ansioso, medroso e etc.
E como
é que essas crenças entram em nossa mente? Essas crenças são incorporadas nos
momentos que estamos mais vulneráveis. Quando acontece algo de muito forte,
como por exemplo, traumas psicológicos, a morte de uma pessoa significativa,
uma rejeição muito forte, uma separação, etc.
Uma
fase muito significativa, quando uma série de crenças se fixa, em nossa mente é
a infância. É o momento em que a pessoa está se formando, sendo formado e esta
conhecendo o mundo. Tudo é mais significativo nesta fase. Por isso que os psicólogos
e psicanalistas estão sempre encontrando origens dos problemas na
infância.
Muitas
vezes, deixar nossas crenças de lado, mesmo que estejam nos atrapalhando,
limitando nossa vida, pode ser um pouco trabalhoso. As pessoas se apegam às
suas crenças. E quanto mais inconsciente for a crença, mais temos que trabalhar
para trazer a tona isso tudo para ai modificar esse pensamento.Tirar do
inconsciente é só 50% do trabalho. Mudar a crença é outro 50%.
Só
descobrir quais são as crenças limitantes, não vai fazer mudar muito a
situação. Quando se descobrem quais são as crenças que limitam, ai então,
partir daí, começa a segunda etapa. Que é a mudança. Tem gente que acha que
mudar é muito difícil. Isso é porque as pessoas não se conhecem, e é muito
importante conseguir compreender a si mesmo para ai então perceber qual mudança
é necessário.
A bem
da verdade, é que muitas pessoas têm a tendência de minimizar seus problemas.
Tentam se justificar por tudo, dizendo frases do tipo: ʺMeu casamento ta ruim,
mas quem está feliz hoje em dia, né?ʺ. Ou então: ʺEu não sou agressivo, eu sou
assertivoʺ. Ou ainda: ʺEu não sou ciumento, mas apenas cuido". Aja auto
enganação.
Então...
Além de ser importante perceber o que deve ser mudado, é também importante
perceber quando iniciar esse processo. E quer saber qual o melhor momento? É
AGORA. Isso mesmo, não foi ontem e nem vai ser amanhã. É agora, na hora “que a
ficha cai”. E sabe por quê? Para parar de viver do passado.
O
passado deve ser olhado de frente. Mesmo que tenhamos vivido algumas coisas que
foram muito doloridas. Temos que aprender com o passado para finalmente a gente
se libertar dele. Aquele que não aprende com o passado vive preso nele.
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